Personagens que não frequentavam as colunas políticas desde o tempo dos militares começam a se aproximar sorrateiramente dos golpistas. Observem bem a mansidão com que eles caminham e se possível espantem a praga.
Leio no noticiário que Temer - uma das figuras mais iníquas e medíocres da história política brasileira e que agora abre as asas sobre a presidência da república - encontrou tempo para receber a "benção" do Malafaia - que todo mundo sabe quem é. Uma imagem apropriada para estes tempos: compungido e cabisbaixo, tenso e o tempo todo amedrontado com as promissórias que assina todos os dias em busca de respaldo para o golpe que está liderando, o vice-presidente deve ter ouvido algumas recomendações bíblicas do "pastor", como se o próprio "bispo" fosse capaz de entender os trechos que pinça do Livro Sagrado.
No conjunto, é uma farsa. Ambos sabem muito bem como chegaram até ali: são testas de ferro menores da liquidação que empresários e outros representantes da elite brasileira estão promovendo com a nação. Fernando Henrique, Serra, Anastasia, Aécio, Cunha, Skaf, uma verdadeira quadrilha de maus elementos, derrotados em sucessivas eleições, arredios e avessos às profundas questões sociais que o país vive, fizeram a escolha da ilegitimidade para compensar o que são. Se é verdadeiro o balcão de negócios que montaram com o Temer para viabilizar sua eventual posse na presidência (e tudo indica que é), o Brasil está diante de seu pior momento. É uma pena que tenhamos chegado a esse ponto.
Mas a História, é claro, não termina. Em primeiro lugar, porque nada ainda está decidido. Como disse alguém, política é como nuvem: você olha, e está de um jeito; olha de novo e o jeito é outro. A dinâmica dos movimentos sociais, a indignação geral que ainda não cessou de crescer, aqui e no exterior, desde a baixaria construída por Cunha e exibida em rede na votação do dia 17, o que resta de dignidade nas instâncias da Justiça, tudo isso são variáveis que podem alterar o rumo dos acontecimentos. Além disso, ganha consistência a proposta de eleições gerais antecipadas para contornar a formidável crise de representação em que se constitui um eventual governo Temer. E há a desobediência civil. Tudo tem que ser feito, na minha opinião, para inviabilizar a administração golpista. Vamos ver...
Respire fundo e leia mais: * Bancada do PMDB articula acodo para salvar Cunha (Estadão) * Temer reclamar de tentativa de golpe é surreal (Sakamoto) * Bancada BBB pressiona Temer (El País) * Movimento contra Dilma é perversamente sexista (New York Magazine via Opera Mundi) * Golpe abre porta de uma luta sem fim por poder (Brasil 24/7).
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