sexta-feira, 13 de maio de 2016

Posse de Temer envergonha o país inteiro e deixa decepcionados até mesmo os que apoiaram o golpe

Temer se apropria de um patrimônio simbólico republicano para tentar
mostrar o que não é. Na condição de interino e do envolvimento
que tem com várias denúncias de corrupção, pelos nomes "notórios"
dos ministros que indicou e por sua impopularidade, corre o risco de
sequer completar os 180 dias de governo que o golpe lhe deu.
O dia de ontem vai ficar registrado na História do Brasil como uma dessas datas que será difícil esquecer entre as que marcaram o golpe que afastou temporariamente do governo a presidente eleita Dilma Rousseff. Serão o 12 de maio, sua véspera, e o dia 17 de abril, os três registros no topo da galeria dos momentos que envergonham a nacionalidade. Por que?

Temer não é presidente; é um interino e não faz jus à majestade do cargo; não foi eleito para estar onde está. Na verdade, levando em conta o que diz a lei da Ficha Limpa, sua posse é ilegal e, contadas as vezes em que seu nome aparece na Lava Jato e em outras denúncias, nem estaria andando com muita desenvoltura por aí. Não fosse o golpe jurídico que o ajudou, o servilismo do STF e a sua consagração midiatizada - numa campanha que confundiu a opinião pública de forma deliberada pelos meios de comunicação - a sociedade brasileira poderia respirar aliviada

Essa condição de (quase) sub-judice que marca Temer é hoje confirmada ainda mais quando é associada à armação jurídica que o colocou na interinidade. O insuspeito ex-ministro do STF Joaquim Barbosa - que já foi tietado pela direita conservadora como um messias da anti-corrupção e do anti-petismo - foi curto e grosso: o impeachment não tem legitimidade. Segundo Barbosa, "do ponto de vista puramente jurídico", a figura do impedimento tem lógica, mas [tenho] "dúvidas muito sinceras [sobre sua] justeza e ao acerto político que foi tomado para essa decisão. O impeachment é a punição máxima a um presidente que cometeu um deslize funcional gravíssimo. Trata-se de um mecanismo extremo, traumático, que pode abalar o sistema político como um todo, pode provocar ódio e rancores e tornar a população ainda mais refratária ao próprio sistema político" (leia mais).

Barbosa não está sozinho: cresce no país inteiro, pelos mais variados caminhos, a plena compreensão sobre o que aconteceu durante todo o período preparatório do golpe - lembrado no discurso que a presidente Dilma fez ontem durante o qual apontou a inviabilização de seu governo desde sua eleição em 2014. A revista Carta Capital, por exemplo, sintoniza o movimento pró-impeachment com a onda de conservadorismo neofascista que tomou conta do país em segmentos expressivos da população, uma espécie de tilt generalizado da normatização liberal que enterrou de vez os espaços de representação democrática (continue a leitura). 
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