Ginásios e pockestops na região da Av. Paulista |
Mundo virtual, desigualdade real
Uma interessante matéria de Guilherme Solari acaba de ser publicada no site Catraca Livre sobre uma consequência colateral da explosão do pokémon: a aparente ingenuidade do game acabou por registrar um instantâneo da desigualdade social na cidade. Ainda que descontadas as diferenças de densidade populacional entre as áreas centrais e periféricas de São Paulo, as imagens disponibilizadas pela própria Niantic, empresa proprietária do jogo, mostram o desnível de acesso ao aplicativo que resulta da desigualdade de renda - fato que pode invalidar a tese de que a rede é democrática e socialmente linear.
Ginásios e pockestops em Capão Redondo |
No Capão Redondo, por exemplo, da mesma forma que em bairros do interior do estado, o que chama a atenção é o que a matéria identifica como pokédesertos - vazios preenchidos pela marginalidade e pela interdição social da interatividade.
Convém não exagerar no sociologismo que pode transformar em conclusão precipitada e vulgar a ideia de que estamos diante de uma barreira cultural intransponível ou coisa parecida. No entanto, é bom apontar para o fato de que os déficits estruturais de distribuição da renda são variáveis presentes em todos os setores em que a vida se manifesta, ou como insinua Solari, o mundo pode nos surgir como virtual, mas isso não é suficiente para eludir a materialidade dos desequilíbrios sociais.
Vale a pena ler a íntegra do texto publicado em Catraca Livre: * Pokémon Go: este jeito e viver (Christian Dunker, Boitempo) * Como Pokémon Go vira um mapa da desigualdade. Sugiro ainda a leitura do artigo publicado na revista Famecos, da PUCRS: * Ainda somos os mesmos? Representações midiáticas da juventude em movimentos sociais, ontem e hoje.
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