Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), uma das matrizes do pensamento brasileiro, comemora 80 anos de sua 1a edição: riqueza radical do liberalismo comprometido com o projeto de desenvolvimento social do país. Olhando em volta, estamos na estaca zero... |
Devo ter me referido ao livro Raízes do Brasil, direta ou indiretamente, em muito mais da metade dos textos que escrevi dos tempos de estudante à maturidade da vida acadêmica, incluídas dissertação e tese. Em todas essas oportunidades, sempre descobri um ângulo novo de interpretação do país, seu fundo arcaico cultural e antropológico, as bases de um anti-dogmatismo que funcionou entre os apaixonados pelo projeto socialista dos anos 70 como um descortino intelectual e uma saudável heterodoxia marxista. Quando li pela primeira vez o prefácio de Antonio Cândido à edição de 1967 de Raízes, aí sim é que me dei conta do sentido aberto da obra de Sérgio Buarque (acesse aqui o texto integral da obra e os prefácio e post-scriptum de Antonio Cândido disponíveis no site da USP).
Na verdade, se fosse possível alinhar lado a lado esse estoque de reflexões interpretadoras do Brasil, tão bem descritas por Carlos Guilherme Mota em Ideologia da Cultura Brasileira, estaríamos diante de uma "plataforma": Freyre, Caio Prado, os próprios Buarque e Cândido, Furtado, Bosi, Dante Moreira Leite... não sei se uma ou várias gerações que puderam oferecer à sociedade os indícios de um projeto social - que nossas elites transformaram nisso que está aí. Uma lástima... É por isso que festejar os 80 anos de Raízes não é apenas um gesto meramente comemorativo; é um traçado...
Sugiro estas leituras de Ilustríssima: * Edição crítica celebra 80 anos de Raízes do Brasil * Texto de FHC sobre as raízes democráticas de Sérgio Buarque * Celebração da obra mostra miséria do nosso debate (Jessé Souza).
Sugiro estas leituras de Ilustríssima: * Edição crítica celebra 80 anos de Raízes do Brasil * Texto de FHC sobre as raízes democráticas de Sérgio Buarque * Celebração da obra mostra miséria do nosso debate (Jessé Souza).
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