A notícia mais surpreendente de todas as que dizem respeito, direta ou indiretamente, à política recessiva que os golpistas estão tentando colocar em prática com a PEC 241, foi publicada na Folha de hoje: Bolsa-empresário resiste a ajuste no governo Temer e deve custar R$ 224 bilhões. Segundo o jornal, trata-se de um conjunto de subsídios financeiros e desonerações tributárias que em 2017 vai custar à sociedade brasileira alguma coisa em torno de 3,4% do PIB, um volume de recursos que pressiona para cima o déficit público que está servindo de justificativa para o corte de verbas destinadas à Saúde e à Educação.
O esquema não é novo. Aqui mesmo no blog, em maio deste ano, o assunto mereceu uma pequena análise sobre as razões do déficit fiscal que Dilma Rousseff enfrentava (leia aqui). Na época, ainda imaginando que poderia reduzir o tamanho do rombo com a redução dos privilégios fiscais dos empresários, a presidente eleita chegou a extinguir a aberração da bolsa-empresário, mas tudo indica que a iniciativa de Dilma alimentou ainda mais a conspiração para afastá-la da presidência da República.
Com o sabujo Michel Temer no poder, todos os mecanismos para favorecer a acumulação capitalista parasitária que vigora no Brasil vêm sendo intensificados e aprimorados e essa é, sem dúvida, a razão principal da PEC 241. Aliás, o próprio chefe da patota que nos governa já disse, alto e bom som: fará o que for preciso para proteger os empresários (ainda que isso nos custe o futuro).
Leia mais: * Temer diz que iniciativa privada é que ajuda o Estado a crescer (Agência Brasil) * A PEC 241 é a contra-face da defesa da família (Flávia Biroli, Boitempo) * A desconstituinte de 2016 (Boulos, Outras Palavras) * PEC 241 desmonta o Estado Social brasileiro, afirma o ex-ministro de FHC, Luiz Carlos Bresser Pereira (IHU) * Convite à desconstrução da PEC 241 - parte 1 e parte 2 (Antonio Martins, Carta Capital) * Economistas desmontam a PEC 241 no Senado. Senadores acusam PEC de "traição nacional" (Mídia Ninja) * Nem quem gosta do teto concorda com a PEC 241 (El País).
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