Maracanã, 5 de agosto de 2016: uma noite de festa que não conseguiu esconder
a ofensa pública que o golpe do impeachment representa.
a ofensa pública que o golpe do impeachment representa.
São os semblantes dos personagens em cena que dizem quase tudo sobre o espetáculo. Temer não é presidente de coisa alguma; age arbitrariamente sobre um povo que não o quer, nem mesmo os que ainda rejeitam Dilma. Esteve ontem no Maracanã cumprindo que ninguém leva a sério, quase escondido, cercado de uma muralha de isolamento que evitou sua exposição; o dirigente político que tem que se esconder atrás dos muros do Palácio do Planalto. É quase um exilado em seu próprio país...
A festa da abertura dos jogos foi bonita, de verdade. Mas não ficou devendo nada aos golpistas. Foi bonita porque esteve a cargo de trabalhadores, artistas e personalidades diversas que nunca deixam a peteca cair; não queriam, com sua dignidade, que o país continuasse, em plena abertura dos jogos, a passar pela humilhação a que Temer e sua facção obrigam-no a passar.
Galvão Bueno, sempre desmedidamente entusiasmado e ufanista com os eventos esportivos que envolvem o Brasil, nem ele conseguiu evitar o realismo do momento quando se referiu à recepção que o visivelmente amedrontado interino obteve do público: "vaias e também alguns aplausos" - disse o locutor da Globo constrangido, mas honesto (assista ao vídeo postado acima). Um triste espetáculo, um simulacro de alegria. O Brasil está dominado momentaneamente por gente da pior espécie e o mundo inteiro viu isso ontem.
Não deixe de ler estas matérias: * Temer reduz seu discurso a 10 segundos e é vaiado (El País) * Michel Temer é vaiado e tem nome escondido na abertura dos jogos (Uol) * Que comecem os jogos. Olimpíada começa com "Fora Temer" ecoando nas ruas do país (Mídia Ninja). Leia também Uma palavra basta, de Jânio de Freitas (Folha).
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