quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Indignação popular e colapso institucional ameaçam levar o país ao caos

Ameaça de assalto generalizado aos direitos sociais, denúncias de corrupção contra o  próprio Temer e seus auxiliares, insensibilidade do STF e insatisfação popular,  podem levar o Brasil a uma tempestade política complicada

Não é preciso ter qualquer simpatia pela esquerda; aliás, não é preciso coisa alguma. Basta o bom senso para se perceber que o Brasil está à beira de um colapso institucional de proporções desconhecidas na sua história. Amplia-se o sentimento de indignação e de frustração a cada notícia que revela um pouco mais sobre a natureza corrompida do acerto que levou à formação da facção que governa o país. Temer levou consigo uma verdadeira troupe de gente mal intencionada e não há sequer um de seus integrantes que não tenha nas costas alguma motivo para ser visto com desconfiança pela sociedade. Para quem tem dúvidas, minha sugestão é simples: consultar os jornais conservadores, aqueles mesmos que o tempo todo buscam um jeito qualquer de justificar o estelionato de que a sociedade está sendo vítima. Uma boa seleção desse noticiário pode ser encontrada em A escalada dos pequenos, neste mesmo blog.

A gota d'água ainda não pingou, mas a simples possibilidade - bastante provável - de que Marcelo Odebrecht comece a colocar em prática aquilo que o jornal El País chama de "monumental delação" (leia aqui) e com isso escancare definitivamente todo o envolvimento do próprio Michel Temer nos esquemas de corrupção, já apresenta seus efeitos imediatos: segundo Mônica Bergamo, da Folha, "a possibilidade de o governo de Michel Temer (PMDB-SP) não conseguir atravessar a turbulência da  delação premiada da empreiteira Odebrecht passou a ser considerada e discutida (...)", inclusive com sugestão de nomes para a sua substituição: "Entre eles está o de Fernando Henrique Cardoso e até o de Nelson Jobim, ex-presidente do STF", diz Bergamo. Se Eduardo Cunha abrir o bico, então, não sobra nem o contínuo do Palácio do Planalto (leia mais).

Como se isso não bastasse, amplia-se a insegurança em relação aos efeitos perversos da PEC 241, mesmo entre os deputados que votaram por sua aprovação em 2o. turno. Além das incontornáveis dúvidas de natureza puramente econômica ninguém consegue esconder o receio (também manifestado por economistas internacionais e pelo próprio FMI) de que a fixação do teto orçamentário por 20 anos possa levar o Brasil a uma profunda recessão em benefício dos bancos e rentistas, há a sombra da crise social, fato que acabou por colar na proposta do governo um adjetivo fatal: "PEC 241, a PEC da pobreza". Não é para menos. A análise da ex-ministra Tereza Campello, sobre isso, é taxativa: "a chance de o Brasil voltar ao mapa da fome é enorme", diz ela. "Com a PEC 241, chegaríamos em 2036, na melhor das hipóteses, com recursos que tínhamos no inicio dos anos 1990”,  diz ela (leia aqui). Essa possibilidade significaria ignorar todas as demandas sociais que emergissem nesses 20 anos. Em suma: em benefício de uma parcela não superior a 5% da população brasileira (o segmento efetivamente beneficiado com a austeridade irracional que está sendo proposta), criaríamos uma imensa nação de pessoas à beira da miséria absoluta (continue a leitura)
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